26 de dez. de 2007

O dia-a-dia dos idosos

Ao longo destas últimas semanas visitámos o centro de dia da Alagoa, conversámos com idosos e funcionárias, participámos na festa de natal da instituição e foi-nos possível avaliar a situação desta. Deparámo-nos com a maioria dos idosos com muitos problemas a nível motor, têm dificuldade a movimentarem-se sozinhos e aqueles que são independentes passam pouco tempo na instituição, aliás na maioria das vezes vão apenas ao centro para fazerem as refeições.[1]

Relativamente aos idosos dependentes e semi-dependentes, que estão todo o dia na instituição, passam todo o dia sentados a ver televisão, a dormir e muitas das vezes apenas a pensar. São poucos os que saem para ir dar um passeio ou apenas andar um pouco e nesta altura do ano ainda se movimentam menos. Em relação aos idosos que usufruem do apoio ao domiciliário, e ao contrário do que pensávamos, também têm muitos problemas principalmente ao nível físico e alguns até se encontram acamados.
Nesta instituição um dos poucos momentos lúdico que têm é a festa de natal, deste modo não poderíamos deixar de estar presentes. Esta consistiu na realização de uma missa, um baile e um lanche convívio. Não são muitos os idosos que podem dançar, mas aqueles que o fazem é com muita alegria e mesmo quem estava apenas a observar estava feliz com aquele momento.
Para além do que foi referido anteriormente, notámos também um sentimento de solidão por parte dos idosos e algum distanciamento relativamente à comunidade. Deste modo o projecto tem como objectivo principal combater essa solidão, promovendo a socialização entre os idosos e outras pessoas, que poderão ser crianças, jovens e até mesmo idosos de outras instituições.
[1] Os idosos podem-se considerar: - Dependentes (os que necessitam de apoio vital), semi-dependentes (os que necessitam de cuidados pessoais e de enfermagem), autónomos (os que necessitam de supervisão próxima), independentes com ajuda ou independentes.

12 de dez. de 2007

CENTRO DE DIA DE ALAGOA

O Centro de Dia de Alagoa, tem sede na antiga Casa do Povo da referida localidade e é neste local que funciona há treze anos, desde que este deixou de estar adstrito às valências antes associadas a uma “Casa do Povo”.
O espaço em questão é constituído por: recepção/gabinete; cozinha; refeitório; uma sala de estar (com televisão); casa de banho de senhoras; casa de banho de senhores; uma sala ampla que dispõe de um palco, um camarim e de casas de banho.

A equipa que trabalha no Centro de Dia de Alagoa é constituída por: uma encarregada que gere a instituição a todos os níveis – financeiramente, administrativamente, distribuição de tarefas; uma cozinheira; duas auxiliares gerais – que se ocupam do apoio domiciliário bem como apoiam na distribuição da alimentação e nas limpezas do Centro; uma auxiliar de centro de dia – desenvolve o contacto mais directo, a todos os níveis, com os utentes que frequentam o Centro de Dia. O Centro de Dia, desenvolve duas funções (embora se unifiquem em torno do mesmo objectivo – auxilio a quem necessita) distintas: por um lado, recebe diariamente 17 idosos em serviço de centro de dia, ou seja, pessoas que todos os dias afluem à instituição pela manhã (a maior parte delas faz essa deslocação no veículo do Centro de Dia, regressando ao fim do dia da mesma forma), onde lhes é, ao longo do dia, assegurado todas as refeições, acompanhamento ao nível das necessidades diárias (medicamentos a horas, apoio higiénico, auxilio para ir a casa de banho quando necessário) e um espaço (uma sala) com condições de higiene e conforto onde podem, em segurança, conviver, descansar ou realizar algumas actividades do interesse de cada um (fazer renda, ler, etc.).

Existe igualmente um pequeno espaço exterior onde alguns vão gerindo uma pequena horta - plantando alguns legumes, regando, etc..
Porque se trata de um Centro de Dia e não de um Lar, os referidos idosos, findo o jantar regressam a suas casas; por outro lado, o Centro de Dia de Alagoa presta igualmente apoio domiciliário a quinze pessoas. Deste grupo, a maioria são idosos que por não serem viúvos ainda querem vivenciar no seu próprio espaço, existindo contudo alguns que (segundo a Dª Conceição – encarregada da instituição) apesar de manifestamente já não terem autonomia para cuidar e manter de uma casa ou manterem-se nela sozinhos, preferem (por teimosia, orgulho) não frequentar activamente o Centro de Dia. Do grupo de quinze, há uma minoria que se mantém em casa por estar acamada, uma vez que o Centro de Dia não dispõe nas suas infra-estruturas de quartos onde se possam deitar. Ao nível do apoio domiciliário a instituição em causa desenvolve o seu acompanhamento deslocando-se diariamente a casa dos utentes – pela manhã ajudando os utentes na sua higiene pessoal e deixando-lhes o pequeno-almoço, por volta do meio dia, para lhes deixar o almoço e também o lanche (a seguir ao almoço e após toda a distribuição, passam novamente em casa dos utentes recolhendo a loiça suja que é lavada no Centro de Dia) e novamente à noite para lhes levar o jantar (metodologia igual à do almoço para recolha da loiça suja).
O Centro de Dia presta ainda, nos casos em que se justifica, um serviço que é comum aos utentes em centro de dia e aos utentes em apoio domiciliário - a todos aqueles que necessitam, é assegurada, uma vez por semana, a limpeza de suas casas.
Os recursos financeiros que permitem o desenvolvimento deste trabalho, provêm dos utentes e da segurança social. Os utentes em centro de dia contribuem com 50% das suas pensões/reformas, os utentes em apoio domiciliário contribuem com 60% das suas pensões/reformas. Quanto à Segurança Social, o protocolo existente entre ambas as partes abrange 20 utentes em centro de dia, querendo isto dizer que a Segurança Social apoia, a este nível, um máximo de 20 utentes reservando-se ao direito de, proporcionalmente, adequar o referido apoio caso o número de utentes seja menos que vinte e não tendo a obrigação de o ajustar caso o número de utentes supere os 20. Relativamente ao apoio domiciliário, a contribuição da Segurança Social varia de acordo com o serviço prestado. Até ao ano lectivo anterior, funcionava também na instituição um ATL destinado às crianças, que entretanto deixou de existir, uma vez que esta valência visava ocupar o espaço de tempo desde então preenchido pelos “prolongamentos” que passaram a existir no ensino básico. Contudo, o Centro de Dia, mantém actualmente uma cooperação com a escola básica de Alagoa, servindo diariamente o almoço a 17 alunos da mesma.
No âmbito do nosso projecto, resta ainda referir que os utentes do Centro de Dia de Alagoa nunca usufruíram na instituição de qualquer actividade ou animação a eles destinada.

6 de dez. de 2007

Os primeiros passos do projecto

Nesta primeira fase do projecto procedemos à identificação do ponto de partida, ou seja, quando se elabora um projecto não se pode aplicar uma metodologia sem primeiro se estudar a necessidade do projecto nesse local. O projecto a aplicar deve estar adaptado à realidade em que se vai inserir, deste modo é essencial estudar a própria instituição, o público-alvo, o meio e as experiências anteriores. É este estudo que nos encontramos a realizar que permitirá descobrir quais os condicionamentos, positivos e negativos, que permitirão uma melhor concepção da intervenção.

O processo de envelhecimento

Como foi abordado anteriormente, o envelhecimento deve ser entendido como uma fase da vida do indivíduo, que provoca várias transformações:

Animação em Instituições

O trabalho de animação é ainda mais complexo quando se trata de idosos institucionalizados, em lares, centros de dia e centros de convívio. Luís Jacob, defende que a animação de idosos começa quando respeitamos os mais elementares dos seus direitos, como sejam o direito à escolha, o direito à privacidade e o direito à integração e à participação activa. Relativamente à animação, esta nunca é uma prioridade nas instituições. Estas dirigem os seus recursos principalmente para a higiene, saúde e alimentação, e só se sobrar tempo e alguns meios se preocupam com a animação. Esta é sempre considerada secundária e sem grande validade. A maioria das organizações limita-se a fazer alguns passeios e duas ou três festas anuais. No entanto, a animação pode contribuir para o cuidado do idoso e para a melhoria da sua qualidade de vida. A animação cria acontecimentos, que alteram a rotina diária e ao fazer as pessoas conviverem umas com as outras, causa uma diminuição efectiva da conflitualidade. A animação ligada às artes plásticas e à motricidade faz com que os idosos melhorem ou mantenham a sua autonomia e capacidade de movimento. Nós consideramos que é muito importante a presença de um animador nestas instituições, este deveria trabalhar em colaboração com toda a equipa multidisciplinar e com as próprias famílias dos idosos, no sentido de proporcionar um vivência digna e de qualidade a todos os seus utentes. Visto que os idosos dispõem de muito tempo livre é necessário pensar na ocupação dos mesmos, para que deixem de existir tantos “tempos mortos”. Assim a animação pode contribuir para uma acentuada melhoria do seu dia-a-dia. Ao longo dos tempos surgiram vários conceitos de Animação, mas todos com alguns pontos em comum, tal como o facto de ter uma função social, cultural ou de estimular à participação. A Animação de Idosos, pretende melhorar a qualidade de vida destes, tornando-os mais activos.

Animação de idosos

Segundo Luís Jacob, a animação de idosos é a maneira de actuar em todos os campos do desenvolvimento da qualidade de vida dos mais velhos, sendo um estímulo permanente à vida mental, física e afectiva da pessoa idosa.

A animação deve solicitar a participação dos utentes e ao torná-los mais activos e interventivos, fazer com que eles se sintam mais úteis e pessoas de pleno direito.

O conceito de Animação

É difícil definir o conceito de Animação Sócio-Cultural, deste modo apresentamos definições e conceitos de autores e especialistas nesta área/campo. A UNESCO (1982), definiu o conceito de Animação Sócio-Cultural como “(…) o conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa e a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sócio-politica em que estas estão integradas.” Segundo o ponto de vista do autor Avelino Bento, Animação Sócio-Cultural “(…) é uma forma de acção sócio-pedagógica que, sem ser a única, se caracteriza pela procura e pela intencionalidade de gerar processos de participação das pessoas em áreas culturais, sociais e educativas que correspondam aos seus próprios interesses e necessidades”. (Avelino Bento, 2003, pág. 120-121) A Animação Sócio-Cultural representa um conjunto de acções que devem facilitar o acesso a uma vida mais activa, mais participativa e mais criadora, dominando melhor as mudanças; comunicando-se melhor com os outros, cooperando melhor na vida de sociedade da qual fazem parte, desenvolvendo assim a sua personalidade e adquirindo ao mesmo tempo uma melhor e maior autonomia.

5 de dez. de 2007

Conhecer a Alagoa

Geografia

Alagoa é a mais pequena freguesia de Portalegre, com 18,19 km² de área e 750 habitantes. Fica situada na margem esquerda da ribeira de Nisa, no extremo noroeste do concelho e encontra-se a cerca de catorze quilómetros da cidade.

Actividades económicas

Agricultura, pequeno comércio, panificação, construção civil, transformação de madeiras, móveis e extracção de inertes.

Festas e Romarias

S. Miguel (2ª. Semana de Agosto) e Festas de Verão (último fim-de-semana de Julho).

Património

Igreja matriz, fonte Velha e forno público.

Outros Locais

Reserva de caça associativa e arquitectura tradicional.

Gastronomia

Açorda alentejana, sopa de cachola, migas e ensopado de borrego.

Artesanato

Artefactos em madeira ou cortiça e sapataria.

Colectividades

Associação Desportiva Cultural e Recreativa de Alagoa e Associação de Caçadores de Alagoa.

23 de nov. de 2007

O envelhecimento...

Constitui um processo universal, inerente a todos os seres vivos, e, no caso particular do ser humano, envolve, pelo menos, três aspectos fundamentais: biológico, social e psicológico.

Em conjunto, estas três componentes influenciam decisivamente a capacidade de adaptação ao meio ambiente do ser humano,contribuindo para o declínio progressivo das suas aptidões físicas e psicológicas.

A pessoa torna-se, consequentemente, mais vulnerável a determinadas situações - como, por exemplo, o decréscimo gradual da capacidade de concentração, da memória e da coordenação física - que podem, por sua vez, conduzir à diminuição da auto-estima, desmotivação e isolamento social.

Nestas faixas etárias são comuns as alterações metabólicas e a diminuição da eficácia do funcionamento de alguns órgãos, surgindo mais frequentemente distúrbios relacionados com insuficiências cardíacas e musculares, ossos e articulações, doenças vasculares e metabólicas.

In Diciopédia 2008 [DVD-ROM]. Porto : Porto Editora, 2007. ISBN: 978-972-0-65263-8

22 de nov. de 2007

A sabedoria: uma faceta do envelhecimento

A maturidade é apontada como uma das aquisições mais importantes que se tem com o passar dos anos, a partir da qual começa a caminhada rumo à Sabedoria, principal diferencial entre as etapas mais tenras e mais avançadas da vida.
O conceito de Sabedoria é amplo (engloba diversas dimensões, nomeadamente a dimensão cognitiva, a afectiva e a motivacional) e complexo (pois pressupõe que as pessoas se encontrem em elevados níveis de desenvolvimento nessas dimensões).
In Marchand, H. (2006). A Idade da Sabedoria. Porto, Âmbar, Colecção A Idade do Saber.

16 de nov. de 2007

Projecto

O projecto com idosos surge no âmbito da unidade curricular de Projecto, do 3º ano de Animação Sociocultural. Este vai consistir na realização de actividades que dinamizem um centro de dia/lar. Depois de termos feito uma pesquisa sobre possíveis locais onde poderíamos realizar o projecto, escolhemos o centro de dia da Alagoa (rua Prof. Manuel Cândido – Alagoa 7300 Portalegre Tel.: 245 328 131). A escolha deste deve-se ao facto de nunca se terem realizado quaisquer actividades de animação, por isso encaramos este projecto como um grande desafio. Visto que não conhecíamos o local encontramo-nos a analisar o contexto em que se implementará o projecto para que possamos elaborar um projecto que dê respostas aos problemas/necessidades dos idosos. A análise da situação está a ser feita através da observação directa e de reuniões informais.